Sei que ainda é cedo para escrever esta correspondência, no entanto, o senhor deve entender: já tem muita gente, que assim como eu, espera ansiosa pela noite feliz.
Não, não estou falando da ceia natalina e da distribuição de regalos -aliás, acho muito egocêntrico de sua parte acreditar que nesta época tudo gira em torno de seu saco. Porém, eu o perdoo, considerando que os outros homens pensam assim o ano inteiro -. Mas, como eu ia dizendo, já fazem 328 dias que eu espero por isso. Durante todos estes meses, trabalhei 12 horas por dia como uma louca, perdi noites de sono pensando em como criar condições para que aquelas criancinhas que o senhor visita uma vez por ano tenham um futuro mais digno e humano. Também percorri quilômetros a pé, enquanto o senhor se divertia com suas renas. Ademais, ajudei velhinhas a atravessar a rua, cedi a vez na fila do supermercado, não joguei papéis no meio da via pública, paguei todos os meus impostos e suportei calada o discurso daqueles infames que controlarão o país nos próximos quatro anos. (Por falar nisso, porque o senhor não dá um fim nesta sua barba medonha? Se continuar com ela, logo, logo, será confundido com aquele filhodaput caro político dos vale-bolsas {Sacou, né? Porque de saco o senhor entende.}).
Então, bom velhinho, como pode constatar, cumpri com todas as minhas obrigações, fui boa e gentil com meus semelhantes, não chifrei meu namorado e não falei mal do PT (não explicitamente). Desta forma, acredito que não haverá impedimento na realização do meu desejo. Como o senhor poderá perceber, o pedido é muito simples:
- PELAMORDEDEUS, dá um jeito das minhas férias chegarem logo!
Ah, e se não for pedir muito, será que poderia me enviar um brindezinho?
Sabe cumé, a pessoa em férias fica meio ociosa e aí precisa achar uma maneira de se distrair.
Quebra meu galho, velhinho. Se isso acontecer, o senhor já sabe: a noite feliz está garantida.
Aquele abraço,
Luana Esterfane.